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Terapia musical para crianças e adultos com síndrome de Down

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Elementos da música, como ritmo, duração, melodia e harmonia, estão relacionados diretamente com elementos da fala, como pausas, entonação e altura da voz

A síndrome de Down é uma alteração genética que decorre, em geral, da trissomia completa do cromossomo 21, sendo a causa mais comum de deficiência intelectual. Estima-se que um em cada 700 a 800 nascidos vivos apresenta a síndrome, independentemente de etnia, gênero ou classe social. Atualmente, é considerada um modo de estar no mundo e não propriamente uma doença.

Quando atendidas e estimuladas adequadamente, as pessoas com síndrome de Down têm potencial para uma vida saudável e inclusiva. O controle adequado das intercorrências clínicas, a nutrição correta, a estimulação precoce, a educação e a orientação às famílias favorecem o desenvolvimento desses indivíduos. Há um consenso entre os profissionais que atendem essas pessoas de que os investimentos em saúde, educação e inclusão social resultam em melhor qualidade de vida e mais autonomia.

Um dos instrumentos utilizados na estimulação é a educação com música, que se mostra uma modalidade terapêutica promissora, sobretudo para o desenvolvimento da fala e da linguagem. Canções e exercícios musicais estimulam a musculatura da face e da língua, favorecendo uma fala mais compreensível e bem articulada. Além disso, elementos da música, como ritmo, duração, melodia e harmonia, estão relacionados diretamente com elementos da fala, como pausas, entonação e altura da voz, pois estimulam a mesma área do cérebro.

A única condição indispensável é o empenho do professor ou terapeuta em observar as necessidades e peculiaridades de cada pessoa, sobretudo usando sua criatividade e empatia a favor do desenvolvimento do indivíduo. Aliás, estabelecer uma boa relação com pessoas com síndrome de Down não é nada difícil, pois a maior parte delas é naturalmente cativante.

As limitações do desenvolvimento neuropsicomotor de pessoas com síndrome de Down resultam em parte da própria trissomia do cromossomo 21, mas em geral decorrem da falta de estimulação, associada à superproteção familiar. Profissionais bem capacitados podem contribuir de modo fundamental para o desenvolvimento pleno desses indivíduos.

*Anna Dulce Sales Carneiro Sampaio é Arte-educadora terapêutica do Instituto de Medicina Física e Reabilitação (IMREA) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), da Rede de Reabilitação Lucy Montoro.

Trecho de artigo publicado na Revista DI, do Instituto de Ensino e Pesquisa APAE DE SÃO PAULO.

REFERÊNCIAS

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Fonte: APAE DE SÃO PAULO

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