Durante uma visita à Índia, Leboyer viu uma mãe, chamada Shantala, massageando seu filho. Ficou encantado com a calma da criança durante os toques maternos. O ritual da shantala expressa harmonia, ritmo, amor e ternura. O carinho transmitido pelos pais tem imenso significado para o seu filho, tornando o momento da troca único.
A principal finalidade desta massagem é desenvolver a interação mãe-filho/pai filho. Segundo a fisioterapeuta Cristina Balzano Guimarães, a técnica, que alivia cólica e insônias e equilibra o bebê física, emocional e energeticamente, pode ser aplicada pela mãe, pelo pai ou por outra pessoa próxima do bebê. “Seu toque sutil e carinhoso é capaz de romper cadeias de tensões, bloqueios, nódulos, evitando neuroses e problemas futuros, afirma Cristina. E acrescenta: “É uma arte tão antiga, quanto profunda. É muito importante principalmente para os bebês nascidos de cesárea que precisam ser massageados.”
A massagem após o nascimento é a continuação da relação e do contato íntimo entre a mãe e o bebê. É um sistema cuja seqüência estimula automaticamente os pontos de vários meridianos, influenciando beneficamente todos os órgãos do corpo de uma criança, harmonizando ou ativando-os, se estiverem desvitalizados. “As tensões se dissolvem e o sono fica mais profundo e o corpo mais resistente a doenças”, lembra a fisioterapeuta.
Ela conta que, para entender os efeitos terapêuticos da shantala, se deve considerar a medicina oriental, divulgada pelos zen-budistas, que transmite os princípios taoístas pelos quais os proces sos da vida são dinâmicos, não possuem condições estáticas, são acontecimentos em constante mutação. A técnica pode provocar um estímulo físico que desencadeia um reflexo nervoso com efeitos terapêuticos no corpo, aumentando a redistribuição de sangue entre os órgãos e as vísceras.
Os benefícios são inúmeros, a começar pelo sistema respiratório, uma vez que os movimentos dessa massagem promovem a expansão da caixa torácica. A shantala também influi positivamente no sistema digestivo, aliviando cólicas e prisão de ventre e acelerando o metabolismo da criança. Além disso, de acordo com Cristina Guimarães, o sistema imunológico também é reforçado (aumenta o número de plaquetas, hemoglobinas e células brancas e vermelhas), pois os impulsos energéticos da sensação de prazer aumentam a pulsação em todos os sistemas e órgãos do corpo.
Técnica
A shantala não é difícil. Possui seqüência de 23 movimentos – muito próximos da yoga – e um banho. Quando o processo completo é decorado pelos pais, a massagem não demora mais do que dez minutos. Cada movimento pode ser repetido entre três e quatro vezes. O importante é que sejam feitos em um ritmo lento, contínuo e intenso, mas não dolorido. É aconselhável escolher ambiente e horário tranqüilos para realizar a massagem, que pode ser aplicada a partir de um mês de idade. “Antes disso, aconselha-se tocar e acariciar o bebê”, enfatiza Cristina Guimarães. A pessoa que vai aplicar também deve estar relaxada para deixar a energia passar.
Se a criança estranhar os movimentos, a mãe pode optar pelos exercícios finais que podem ser realizados como se fosse uma brincadeira. A shantala começa pelo tronco, braços, pernas, costas, em seguida rosto e os exercícios finais. A técnica não é recomendada em dias frios ou se a criança estiver com fome, de barriga cheia, gripada ou apresentar quadro febril, com diarréia e cólica. Também o bebê não deve ser acordado para receber os exercícios. A posição original dos pais é sentada sem encosto, com o filho sobre as pernas esticadas. Uma opção é encostar-se em almofadas e dobrar as pernas com a criança entre elas.
O “material de apoio” para a aplicação da shantala é muito simples: uma toalha, óleo antialérgico (no Brasil utiliza-se o de amêndoas com camomila) e amor, profundo amor… Segundo Frédèrick Leboyer, a shantala, esta arte profunda, simples e muito antiga, ajuda a criança a aceitar o mundo e a sorrir para a vida. Seu filho merece!