Conheça os maiores riscos que alguns objetos e ambientes representam para as crianças
A chegada de um filho é um momento importante para todos. Arrumar o seu cantinho com enfeites e mimos é o sonho de toda mãe para deixar a casa mais aconchegante e “colorida” para o seu bebê. Sem falar nas tão desejadas compras de roupinhas, sapatinhos e kits que vão ressaltar a beleza da criança. Tudo isso faz parte de uma cultura maternal predominante no Brasil que parece passar de geração para geração. Porém, nem tudo o que é incorporado (ainda hoje) é recomendado para o uso e segurança dos bebês. Neste texto vou alertar os pais sobre os principais riscos de objetos e ambientes que valem para seus filhos do nascimento até a adolescência. Antes, vale lembrar que a palavra de ordem para todas as fases dos filhos (as) e até para as nossas vidas é “praticidade”. Desta forma, sobrará mais tempo para curtir cada fase da vida deles e da sua, sem grandes estresses e sem doenças para atrapalhar. Vejam as minhas dicas:
Na maternidade:
Vale lembrar que o nascimento é um acontecimento sim, porém, com muitas restrições. Afinal, o bebê acabou de chegar ao mundo e suas defesas imunológicas são baixas, sem falar da sensibilidade sobre luz, som e cheiros. Na maternidade evite flores, perfumes, pelúcias e itens com odor ou probabilidade de acumular pó e ácaros. Som alto e muitas pessoas no mesmo ambiente pode estressar o bebê e a mãe. Lembre-se: a maternidade é um hospital e não um hotel. Limitar o número de pessoas nas visitas é outra dica legal. Sutilmente fale para os amigos e familiares aguardarem alguns dias até poderem conhecer o bebê.
No quarto do bebê e da criança: sabemos que o quarto do bebê é idealizado pelos pais desde o primeiro momento da descoberta da gravidez, mas é preciso levar em conta multifatores para garantir a segurança dele – chegada da maternidade até seu crescimento. Também, vale dizer que a mamãe, nos primeiros dias e até alguns meses após o nascimento do bebê (algumas para a vida toda), não terá pique para realizar grandes faxinas e ou limpezas diárias, exceto quando tiver ajuda de terceiros (auxiliares, parentes e ou amigas). Sempre é bom lembrar: o menos é mais em qualquer período da vida. Veja abaixo os itens:
Cortinas e tapetes: precisam ser práticos para a limpeza constante. Ambos, se forem de tecido, vale a recomendação de serem, se possível, hipoalergênicos ou que acumulem pouco pó como, por exemplo, cortinas de persianas e tapetes emborrachados – fáceis de limpar. Existem vários modelos focados ao universo infantil e teen, podendo ser trocado a cada nova fase do filho (a).
Berço: deve ser um local seguro para a criança, sem protetores almofadados, sem bichos de pelúcia, sem travesseiros e cobertores. Todos esses itens podem provocar alergia no bebê e aumentar as chances de sufocamento. Fiquem alertas, mais vale a vida do que a beleza de uma decoração fofa. O mesmo vale para mini camas, camas de solteiro e beliches. Evite o excesso de acessórios para não colocar em risco a vida e saúde das crianças.
Enfeites e acessórios para o quarto: a regra é simples para o início da jornada dos bebês: simplicidade. Evite manter muitos itens no quarto da criança como pelúcias, livros, porta-retratos, porta-trecos decorativos e outros itens que compramos por compulsão porque são lindos ou por indução de outras pessoas, mas, que no real, não são funcionais. Usar papel de parede decorativo (existem anti-mofo, anti-ácaros e por aí vai) é uma saída legal para dar um toque especial, personalizado e garantir a segurança da criança até a sua adolescência, pois são fáceis de limpar e você pode trocar de tempos em tempos. O mesmo para pinturas nas paredes, que podem seguir o mesmo padrão – anti-mofo e anti-ácaro.
No chão: pisos frios (porcelanato, cerâmica ou pedras) e de madeira – não importa qual deles você já tem no quarto e na casa inteira, o mais importante é mantê-los sempre limpo e com poucos tapetes (se possível) que acumulem pó e micro-organismos, em especial dos animais de estimação (falarei deles em outra ocasião).
Banheiro: é um local cheio de bactérias, lembre-se disso. O ideal é usá-lo para o banho e para as necessidades fisiológicas. Nunca deixe a criança sozinha, nem por um minuto! Evite deixar a porta aberta, com fácil acesso para a criança – especialmente na fase de aprendizagem do andar –, pois há risco de escorregões, quedas e afogamento no vaso sanitário.
Chupetas e mamadeiras: ostentar chupetas e mamadeiras personalizadas com estrasses ou bigodinhos, por exemplo, não é legal para a criança. Caso seja algo muito sonhado pelos pais, coloque na criança ou aproxime dela apenas para tirar uma foto e nunca mais use. Esses objetos (sobretudo os importados da china) são inapropriados para o uso e podem soltar peças promovendo acidentes como engasgo e introdução nos orifícios do nariz e ouvido, além de provocar alergias nos pequenos. Siga as orientações do pediatra e procure comprar produtos com o selo de recomendação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).
Na sala e áreas comuns: janelas são um atrativo para as crianças – evite cadeiras ou móveis próximos para a criança não subir e correr riscos de quedas (em casas e apartamentos). Sofás, estantes, mesas e móveis decorativos (como racks, aparadores, etc.) também são como brinquedos de um parque de diversão. Lembre-se que as crianças possuem imaginação fértil e não sabe discernir sobre o perigo, certo e errado. Todo cuidado é pouco!
Na cozinha: na cozinha pode acontecer acidentes graves e irreversíveis. O ideal é manter as crianças longe e usar grades ou portinholas que impedem o acesso a ela.
Com produtos de limpeza e remédios: para a criança tudo parece doce e ou suco/água, portanto, os produtos de limpeza e os remédios devem ser mantidos em locais seguros para que elas não tenham acesso e ingiram acidentalmente os produtos. O mesmo vale para baterias e pilhas que podem ser lambidos e até engolidos por acidente. Guarde-os em locais fora do alcance dos pequenos (as).
No automóvel: use sempre os itens de segurança como as cadeirinhas adequadas para cada faixa etária, sinto de segurança e filhos no banco traseiro sempre! Ceder aos choros e pirraças infantis não é legal, pois coloca em risco a vida das crianças e pode ser fatal em um acidente de carro.
Brinquedos: assegure-se de que a criança tenha brinquedos recomendados para a sua idade, com selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). Evite comprar produtos ‘piratas’ e ou sem procedência, com peças pequenas fáceis de engolir, tinta tóxica (lembre-se que a criança lambe e coloca os brinquedos na boca), e falta de manutenção (higiene e brinquedos quebrados).
Nas atividades físicas e recreativas: garanta que as escolhas sejam apropriadas para a faixa etária da criança e use, quando necessário, os itens de segurança como, por exemplo, para skates e bicicletas, capacetes, cotoveleiras e luvas. Evite deixar seu filho no parquinho ou no jogo de futebol. Acidentes acontecem, mas podemos contribuir para minimizar as possibilidades de acontecerem.
Objetos e itens em geral: moedas, bolinhas de gude, brincos, anéis e outros itens menores ou que representam perigo iminente devem ser mantidos longe das crianças. Todo e qualquer descuido pode ser fatal. O mais importante, quando se tem filhos – independentemente da idade – é garantir que a segurança e a orientação sejam apresentadas em cada fase da vida deles.
E para finalizar, eu como mãe, sei da responsabilidade eterna que terei com a minha princesa, assim como das mães de meus pacientes que eu atendo e das mães que acompanham nossas dicas no Facebook e no site. Ninguém nos fala das aflições, medos e momentos de estresse comuns da maternidade. Mesmo naqueles dias de cansaço extremo, com vontade de cair na cama após um banho relaxante, quando olho para a minha filha, vejo o quanto demorei para ser feliz ao lado dela, o quanto ela me completa e me proporciona os melhores momentos de minha vida. Realmente é um amor incondicional, igual ao que você (que lê agora este texto) sente pelo seu filho e filha. Eles, por mais dificuldades que enfrentamos, fazem a vida valer a pena. Por isso, devemos garantir, no mínimo, a segurança deles para que possam continuar a nos alegrar e sorrirem por tudo e por nada.
Fonte: Dra. Priscila Zanotti Stagliorio – Pediatra on line