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Obesidade infantil: por que 33% das crianças brasileiras pesam mais do que devem?

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As respostas envolvem a indústria, a publicidade, o governo e a sociedade de modo geral

Nossa abordagem sobre a obesidade, que tem prevalecido ao longo de décadas, poderia estar fundamentalmente errada? Há mais de 40 anos, estamos dizendo as mesmas coisas para os pacientes com sobrepeso e obesos (e suas famílias): se você comer muito, não se exercitar o suficiente, terá sobrepeso, obesidade, diabetes e morrerá… Só que esse discurso não está ajudando muito as pessoas, as coisas estão piorando muito, e em escala mundial.

Como não há registros globais sobre a incidência do diabetes tipo 2 em pacientes tão jovens, não é possível dizer definitivamente que a menina é a paciente mais jovem com essa condição no mundo, mas nenhum outro pesquisador presente ao evento conseguiu apontar outro caso relatado ou diagnosticado.

A criança do estudo era latina, vivendo nos EUA. Segundo o pesquisador, seus principais sintomas eram micção e sede excessivas, embora seu histórico médico fosse normal. Os exames revelaram que ela tinha níveis de açúcar no sangue muito altos, mas testou negativo para anticorpos que teriam sinalizado diabetes tipo 1, a versão autoimune da doença, que é geralmente diagnosticada na infância, quando o corpo não produz insulina. A menina foi colocada em uma dieta e recebeu uma versão líquida do medicamento metformina, uma vez que ela tinha dificuldade para engolir comprimidos. Depois de seis meses, ela tinha perdido peso e foi capaz de parar o tratamento com as drogas para diabetes. O caso mostra que o diabetes tipo 2 pode ser revertido em crianças através de diagnóstico precoce, terapia apropriada e mudanças no estilo de vida.

Taxas que aumentam todos os dias

De acordo com o Ministério da Saúde, os números revelam que uma em cada três crianças na faixa etária entre 5 e 9 anos (33,5%) está acima do peso. Entre os meninos dessa faixa, 16,6% são obesos, contra 11,8% das meninas. Entre os adultos, o excesso de peso atinge 52,5% da população do país. Também chama atenção a proporção de pessoas obesas com mais de 18 anos: 17,9%. Esse percentual não sofreu alteração nos últimos anos.

Atualmente, mais de um terço dos adultos americanos são obesos, e agora, um novo relatório mostra que as crianças e adolescentes não ficam muito atrás. O relatório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças mostra que 17,5% das crianças e adolescentes com idades entre 3-19 anos estão obesos. Os dados contrastam com a taxa de obesidade no final de 1970, que era de 5,6%.

A Academia Americana de Pediatria divulgou recentemente novas orientações para os pais para ajudar a prevenir a obesidade infantil antes que ela apareça. Além de recomendar a ingestão de alimentos saudáveis ​​em casa, as dicas incluem limitar o tempo de tela das crianças e ter a certeza de que as crianças dormem o suficiente para o seu desenvolvimento.

 

O temido “tempo de tela”

Um novo estudo descobriu que crianças no jardim de infância e no ensino fundamental que assistem pelo menos 60 minutos de televisão por dia são mais propensas à obesidade e ao sobrepeso em comparação às menos expostas à TV.

Atualmente, a Academia Americana de Pediatria recomenda um tempo máximo de tela de duas horas diárias, mas este estudo sugere que as crianças devem ficar expostas a no máximo uma hora de TV por dia. Os investigadores não encontraram uma correlação entre o uso do computador pelas crianças e o excesso de peso.

Muitas pesquisas já associaram muitas horas de televisão ​​com pessoas mais pesadas nos 30 anos seguintes. Um estudo publicado em 1985 examinou crianças de 6-11 anos e concluiu que “engordamos nossas crianças na frente da televisão.” Estudos têm consistentemente encontrado uma correlação positiva entre horas passadas em frente à TV e o sobrepeso.

Outros estudos descobriram que as crianças que têm um aparelho de televisão no seu quarto são mais propensas a apresentar excesso de peso do que aquelas que não possuem o eletrodoméstico dentro do quarto.  A resposta – limitar o tempo diante da televisão – parece evidente, mas pode ser mais fácil dizer do que fazer: uma estimativa recente descobriu que a família média americana tem 10 telas em casa.

 

Inação paterna baseada na percepção equivocada

“Outro problema com o qual me deparo com frequência, quando o assunto é obesidade, tem sido cada vez mais tema de estudos: a inação paterna baseada na percepção equivocada sobre o peso da criança. Tomar medidas para melhorar a dieta e a atividade física, durante a infância, pode ajudar a criança a evitar uma vida de excesso de peso ou obesidade. Mas como é possível tomar uma atitude se o problema não é reconhecido?”, questiona o pediatra.

Muitos pais não percebem quando seus filhos estão acima do peso e por isso eles não conseguem ajudar as crianças, sugere um estudo australiano. Quando os pesquisadores perguntaram aos pais a altura e o peso das crianças, os resultados sugerem que cerca de 16% das crianças estavam acima do peso e 6% eram obesos. Mas quando os pais foram questionados se o peso do seu filho era saudável ou não, apenas 8% disseram que tinham crianças com sobrepeso e somente 0,2% relataram ter uma criança obesa.

“Os pais que não reconhecem o problema de peso em seus filhos são menos propensos a tomar medidas destinadas a resolver o problema. Concordo que alguém que reconhece que seu filho está acima do peso pode não estar disposto a dizer isso, mesmo em uma pesquisa anônima. Mas parte do problema pode ser que eles estejam preocupados em não ficarem marcados como ‘maus pais’. Além disso, os pais de crianças com excesso de peso esperam sempre uma fórmula mágica: que seu filho vá crescer e a obesidade vá desaparecer…”, conta Moises Chencinski.

E é mais difícil para as mães admitir o excesso de peso dos filhos. Elas estão mais dispostas a reconhecer a própria obesidade do que admitir a obesidade do filho, o que pode prejudicar a criança na obtenção de ajuda para perder peso, dizem os pesquisadores.

“Não há como fugir desse tema. Peso deve ser abordado em todas as consultas pediátricas. Discussões abertas e honestas entre o pediatra e os pais sobre o peso da criança devem ser incentivadas juntamente com estratégias práticas para ajudar a família a manter um peso saudável”, defende o médico.

 

Fonte: Doutor Moises / MW-Consultoria de Comunicação & Marketing em Saúde

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