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O uso da cinta no pós-parto pode atrapalhar a recuperação e o funcionamento dos músculos abdominais e pélvicos

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Especialistas indicam exercícios para evitar disfunções como a dor lombar e a incontinência urinária

Após o nascimento do bebê, muitas mulheres sofrem com problemas de autoestima, por conta das mudanças que ocorrem no corpo, principalmente na região abdominal, pelo inchaço e flacidez. Na busca de uma solução, a cinta promete afinar a cintura e prevenir disfunções musculares, mas será que realmente funciona?

Segundo a fisioterapeuta Alessandra Sônego, especializada em Saúde da Mulher pelo HC-FMUSP, é inegável que o uso da cinta traz alguns benefícios imediatos, como melhorar e uniformizar a silhueta durante o uso, porém não é a cinta que reduz medidas ou tonifica a musculatura distendida na gravidez. “A cinta costuma dar uma sensação de conforto e segurança para as mulheres no pós-parto, mas não estimulará os músculos do abdômen, pelo contrário, vai desestimular o trabalho muscular. Ela faz o papel que os músculos fariam, sem sofrer nenhuma ativação. Com isso, nosso cérebro para de enviar comandos para a região, tornando-a fraca. Os músculos não possuem apenas a função estética, são responsáveis por estabilizar o centro do nosso corpo e a falta da ativação dessa região está associada a dor lombar, que também está ligada a incontinência urinária”, explica.

O uso da cinta no pós-parto deve ser discutido com um médico especialista, pois não são todas as mulheres que podem usá-la. Segundo o obstetra, Dr. Gustavo Ventura, mulheres que fizeram cesárea e apresentam inflamação ou sangramento excessivo no local do corte, devem evitá-la. “Por apertar muito, a cinta dificulta a eliminação de gases, atrapalhando a circulação e, no caso de cesárea, abafa o corte e dificulta o processo de cicatrização, podendo aumentar o risco de infecção e abertura dos pontos”, revela.

Está provado que o uso da cinta pós-parto deve ser moderado e consciente, nunca utilizada como única garantia para obter um abdômen modelado após a gravidez. Há exercícios fáceis e funcionais para trabalhar a musculatura abdominal e pélvica durante o período, que podem ser realizados em casa. As fisioterapeutas Alessandra Sônego e Juliana Thomé, especialista em Reeducação Funcional da Postura e do Movimento pelo HC-FMUSP, indicam para uma recuperação rápida e saudável.

1- Respiração: Ajuda na ativação da musculatura do abdômen: Deitada de barriga para cima e pernas dobradas, você irá puxar o ar pelo nariz, e soltar pela boca como se estivesse apagando uma vela, sentindo as costelas descerem e fecharem e a barriga ir ficando “durinha” até o fim da expiração. Na sequência, mantenha a mesma postura, puxe o ar pelo nariz, e enquanto solta o ar (abaixando as costelas e ativando o abdome), você irá contrair o períneo (como se quisesse segurar a urina). Sim, na vagina existem músculos e precisamos trabalhar essa musculatura também.

Você usará essa respiração em todos os exercícios seguintes.

2- Ponte: Deitada, de barriga para cima, apoie os pés no chão, mantendo os joelhos dobrados e ombro e pescoço apoiados no chão durante este exercício. Puxe o ar pelo nariz, e enquanto solta o ar pela boca e ativando o abdômen, você irá levantar o quadril do chão até altura dos joelhos, contraindo junto o períneo. Manter essa posição por 5 segundos e voltar lentamente até apoiar novamente o quadril no chão. Realizar 2×10 repetições.

3- Posição de Gato: Fique na posição de gato (mãos e joelhos apoiados no chão), puxe o ar pelo nariz, olhando para frente e empinando o bumbum. Solte o ar ativando o abdome, e contraia o períneo, fazendo um arco com as costas, guardando o bumbum. Realizar 2×10 repetições.

4- Estabilizadores de trono: Sentada na cadeira, com os pés apoiados no chão e as costas bem apoiadas na cadeira, puxe o ar pelo nariz e cresça sua coluna como se você estivesse tentando ficar maior. Solte o ar pela boca e continue crescendo a coluna. Ao mesmo tempo contraia o períneo, mantendo o apoio das costas e pés colados no chão. Realizar 2×10 repetições.

5- Estabilizadores de trono: Em pé, com as pernas semiflexionadas e afastadas na largura do quadril, coloque as mãos nos joelhos e olhe para frente. Mantenha a postura e puxe o ar pelo nariz, e enquanto solta o ar, contraia o períneo. Preste atenção na postura. Realizar 2×10 repetições.

Fonte: Alessandra Sônego, especializada em Saúde da Mulher pelo HC-FMUSP