É grande o número de mulheres que decidiram adiar a maternidade por medo do Zika vírus; mas e aquelas que já estão grávidas? O que podem fazer para evitar a doença? E se são detectadas com Zika, existe tratamento? Essas e outras perguntas vêm rondando as mulheres nas últimas semanas.
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma emergência global por conta da Zika e casos de microcefalia. Transmitida pelos mesmos mosquitos da Dengue e Chikungunya, incluindo o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, a Zika é uma doença que causa manchas pelo corpo, coceira, febre e conjuntivite, além de dor nas articulações. Embora as pesquisas ainda sejam iniciais neste campo, parece existir uma relação entre a infecção por Zika na gravidez e malformações neurológicas como a microcefalia (quando o bebê nasce com a cabeça menor do que o padrão, o que pode impedir que o cérebro cresça normalmente e desenvolva suas capacidades). “É importante lembrar, no entanto, que nem toda grávida que teve Zika terá um bebê com malformação”, destaca Dr. Fabio Cabar, especialista em gestação de alto risco.
Para as futuras mamães, a prevenção é essencial, principalmente nos períodos de calor e chuvas. Além de evitar o acúmulo de água parada em casa ou quintal, as grávidas podem:
- passar repelente contra insetos inclusive na roupa e reaplicar a cada quatro a seis horas ou de acordo com as instruções da embalagem;
- usar inseticidas elétricos ou em spray para a casa (lembre-se de deixar a substância se dispersar por alguns minutos antes de ficar no mesmo ambiente);
- optar pelas roupas claras e usar de preferência blusas de manga longa e calça;
- usar preservativos pois ainda não há informações definitivas sobre a possibilidade de transmissão via sexual;
- evitar compartilhar talheres e copos e lavar as mãos com frequência;
- evitar o contato com poças que tenham se formado após a chuva.
É importante lembrar que a prevenção deve ocorrer não apenas no primeiro trimestre da gestação (quando o bebê está em plena formação), e sim durante toda a gestação pois alguns estudos indicam outros problemas neurológicos que podem ser causados ao bebê pelo vírus da Zika, além da microcefalia.
“Se a gestante sentir algum dos sintomas da Zika, deve procurar imediatamente um médico. O diagnóstico pode ser confirmado com um exame de sangue”, afirma Dr. Fabio Cabar. De acordo com ele, para as grávidas, o tratamento quando é confirmada a Zika é o mesmo da Dengue: repouso e muito líquido. Infelizmente, ainda não foi apresentada uma forma de impedir que a Zika prejudique o bebê. Após a picada, a doença pode levar até 12 dias para se manifestar e os sintomas terminam em até 7 dias.
Segundo as recomendações da OMS, a mãe infectada com a Zika durante a gravidez ou após o nascimento do bebê deve amamentar normalmente, pois mesmo se o vírus for encontrado no leite materno, isso não significa que o bebê será contaminado. Porém, diante da incerteza e falta de estudos em relação à Zika, é compreensível que as mulheres pensem em interromper a amamentação. “Neste momento, é difícil saber como agir. Por isso, a melhor opção é conversar com o seu médico para que a decisão possa ser tomada de forma conjunta, sempre pensando no melhor para o seu bebê”.
Conforme ressalta Dr. Fabio, todos os repelentes aprovados pela ANVISA são considerados seguros para as gestantes, desde que sejam seguidas as recomendações da embalagem. São considerados eficazes os repelentes à base de DEET, icaridina e EBAAP ou IR3535. “O importante nesse momento, sem dúvida alguma, é a prevenção”, conclui.
Fonte: Dr. Fabio Cabar, doutor em Obstetrícia e Ginecologia pela Universidade de São Paulo e especialista em Reprodução Humana / Estúdio de Conteúdo