Problema atinge 18% das mulheres grávidas no Brasil
Os casos de diabetes gestacional têm aumentado expressivamente. Os últimos estudos relacionam esse aumento às mudanças nos critérios para seu diagnóstico e a fatores como obesidade, sedentarismo e maus hábitos alimentares da população. Em média o diabetes gestacional afeta no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 18% das gestantes. A doença pode levar a um parto prematuro e até problemas para o bebê após o seu nascimento.
De acordo com a obstetra endócrina, da Endoclínica São Paulo, Dra. Ana Claudia Amaral de Souza, o diabetes gestacional pode ser diagnosticado desde o início da gravidez, a partir dos primeiros exames realizados no pré-natal, ou se manifestar mais tardiamente, em geral, a partir da 24ª semana de gestação. O problema acontece, pois durante a gravidez a placenta produz uma série de hormônios que podem levar a resistência da ação da insulina, hormônio responsável por controlar a glicose no sangue. Com isso, os níveis de glicose durante a gestação aumentam, ocasionando o diabetes gestacional.
Como o diabetes gestacional não tem sintomas típicos é importantíssimo que toda gestante realize a glicemia de jejum no início do pré-natal e, quando indicado, o teste de tolerância à glicose antes de 28 semanas de gestação. Além de fazer todo o pré-natal corretamente, explica a médica.
A liberação de hormônios que impactam diretamente na ação da insulina é um fato que acontece em todas as gestações, mas isso não quer dizer que todas as mulheres desenvolverão o diabetes. Entretanto, em gestantes que têm algum grau de predisposição, o aumento do açúcar no sangue vai evoluir necessitando de acompanhamento adequado para evitar complicações tanto para mãe quanto para o bebê.
Caso a gestante desenvolva o problema e não faça o tratamento devido, o problema pode levar ao aumento do liquido amniótico, a um parto prematuro e a problemas para o bebê após seu nascimento, como hipoglicemia neonatal, desconforto respiratório do recém-nascido e o risco da criança nascer acima do peso.
A alimentação e a prática de exercícios físicos, quando não são contra-indicados na gestação, são fundamentais para diminuir as chances de ter diabetes gestacional ou controlar o quadro. Quando a doença é detectada nos exames, a mãe deve começar uma dieta saudável evitando alimentos industrializados, açúcar, pães, biscoitos, doces, massas em excesso e frutose artificial, por exemplo.
Uma boa notícia é que a maioria das mulheres que apresenta diabetes gestacional consegue controlar as taxas de açúcar com dieta e atividade física. Apenas cerca de 20% delas precisam fazer uso de insulina, que é um tratamento seguro e não afeta nem a mãe nem o bebê. Tudo depende do grau do problema e níveis das taxas de açúcares durante o seguimento no pré-natal.
O diabetes gestacional, na maioria das vezes, não persiste depois do parto. Os níveis de açúcar do sangue costumam se normalizar após o nascimento do bebê, já que os hormônios que aumentam a resistência à insulina não existem mais. No entanto, é importante que 40 dias após o parto essa mulher realize novamente o teste de tolerância à glicose para avaliação do quadro e rastreamento do diabetes”, orienta a especialista.
Mulheres que apresentaram diabetes gestacional têm mais chances de serem diabéticas ao longo da vida. De acordo com a médica, ter tido a doença durante a gravidez é um alerta para que a mulher tenha uma vida mais saudável para que assim possa evitar o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e a síndrome metabólica.