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Colírios alteram a gestação

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Alerta: colírio para glaucoma na gravidez pode causar aborto espontâneo. “Esse medicamento pode causar graves problemas ao bebê e até provocar contrações que podem levar ao aborto espontâneo”, afirma o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 3% dos defeitos congênitos sejam causados pelo uso de medicamentos ou drogas durante a gravidez. “Até as gotinhas de colírio, aparentemente inofensivas, podem afetar o bebê”, afirma Queiroz Neto. Isso porque, em mulheres grávidas a elevação dos hormônios sexuais altera o metabolismo hepático das drogas que ficam mais concentradas na corrente sanguínea. O problema é  que um levantamento nos prontuários do hospital mostra que 4 em cada 10 gestantes chegam à consulta usando colírio por contra própria.

Para o FDA (Food em Drugs Administration), agência americana que regulamenta os medicamentos, nenhum tipo de colírio pode ser considerado sem risco para o feto por falta de testes com mulheres grávidas antes dos lançamentos.

Risco é maior para gestantes com glaucoma

O médico alerta que gestantes com glaucoma devem passar por reavaliação oftalmológica logo no início da gravidez. Isso porque, a classe de colírio antiglaucomatoso mais utilizada no Brasil é a dos análogos de prostaglandina que são contraindicados durante a gravidez. “Este tipo de colírio pode induzir à contração da musculatura uterina, podendo levar à interrupção prematura da gestação”, afirma.  Já os betabloqueadores, destaca, podem alterar a frequência cardíaca do feto.  Dos medicamentos para glaucoma o mais seguro para gestantes é o tartarato de brimonidina que não revelou alterações em fetos de ratos segundo relatório do FDA. O oftalmologista afirma que para garantir o tratamento da mãe sem afetar o feto o ideal é implantar no olho um plugue feito de colágeno. O dispositivo elimina os riscos para o feto porque mantém o colírio circulando só no olho, além de evitar a contaminação e descontinuidade do tratamento. O material é compatível com as estruturas internas da vista. Por isso, dissolve e é absorvido sem causar efeitos colaterais.

Menor troca de oxigênio e nutrientes

O médico destaca ainda que alguns remédios afetam o bebê pela menor troca de oxigênio e nutrientes entre a mãe e o feto através da placenta. É o que acontece quando a gestante usa colírio vasoconstritor para deixar os olhos branquinhos. Na gravidez, explica, os olhos ficam vermelhos porque o aumento da produção do estrogênio provoca a síndrome do olho seco. Para resolver o problema é melhor consultar um especialista que checa a gravidade do problema e a terapia mais adequada. Quando o colírio vasoconstritor cai na corrente sanguínea também contrai os vasos da placenta e a nutrição do feto fica comprometida, comenta. Embora esta privação não seja suficiente para que o bebê nasça com alguma deformidade, pode refletir na saúde em algum momento da vida.

Para a futura mãe vale saber que o uso indiscriminado desse tipo de colírio predispõe à catarata precoce, alterações cardíacas e elevação da pressão arterial.

Prevenção

A regra é que qualquer colírio usado na gravidez pode afetar a saúde do bebê, inclusive os antibióticos e os anti-inflamatórios usados no combate à conjuntivite que interferem na imunidade do feto. Por isso, a recomendação do médico é lavar as mãos com frequência, evitar aglomerações, compartilhamento de maquiagem, fronhas e computadores para prevenir a contaminação dos olhos por bactéria ou vírus.

Fonte: Instituto Penido Burnier