Sempre Materna

Saiba como amenizar um dos incômodos que as mamães podem ter no pós-parto, o ressecamento vaginal.

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Geralmente as mulheres têm uma maior atenção com a saúde, o que é muito importante em um cenário de aumento da expectativa de vida delas em relação aos homens.

O ressecamento vaginal, comum no pós-parto, ocorre por causa de uma alteração na produção de estrogênio, e acaba trazendo sintomas desagradáveis como dores durante as relações sexuais, coceira, queimação ou ardor e infecções bacterianas ou fúngicas recorrentes.

Com isso a Sempre Materna tirou algumas dúvidas mais comuns em relação a esse tema que incomoda algumas mulheres no pós-parto com o especialista Dr  Luciano Pompei, confira:

• Qual a causa do ressecamento vaginal?

Há inúmeras causas de ressecamento vaginal. Na verdade, o ressecamento vaginal é decorrência de uma menor produção das secreções fisiológicas da mucosa vaginal e de glândulas próximas à vagina, bem como devido a um afinamento na camada de células que recobre a vagina, camada essa chamada de mucosa. A causa mais comum é a menopausa, todavia, também pode ocorrer no pós-parto e durante a lactação, com o uso de alguns anticoncepcionais hormonais, também pode decorrer de tratamento oncológicos tais como quimioterapia e radioterapia. O tabagismo, o estresse e infecções vaginais ou o seu tratamento também podem favorecer o surgimento do ressecamento.

 

• Por que ele ocorre no pós parto da mulher?

No pós-parto e nos primeiros meses de amamentação, há diminuição da produção ovariana de hormônios do tipo estrogênio. Com menor quantidade desses hormônios, a mucosa vaginal tende a ficar mais fina e a ocorrer menor produção de secreção fisiológica vaginal, o que torna a vagina mais ressecada.

 

• Toda mulher sofre com isso no pós parto?

Não, nem todas. Entretanto, mais da metade das mulheres pode apresentar redução da lubrificação vaginal no pós-parto.

 

• Quais são os tratamentos?

Há tratamentos hormonais, que podem ser realizados administrando-se hormônios sistêmicos, ou seja, que agem no corpo todo, inclusive na vagina, ou os hormonais locais, por meio de cremes ou óvulos vaginais contendo hormônios do tipo estrogênio que são aplicados na vagina. Mais recentemente surgiram os hidratantes vaginais não hormonais, ou seja, são substâncias que são aplicadas na vagina e que apresentam a propriedade de retenção de água, aumentando a hidratação e melhorando a lubrificação vaginal, sem conter hormônios. Os hidratantes devem ser diferenciados dos lubrificantes vaginais. Enquanto os lubrificantes são aplicados na hora da relação sexual para lubrificar e permitir a penetração, tendo curta duração de ação, os hidratantes foram desenvolvidos para serem aplicados independentemente da relação sexual (embora possam ser aplicados na relação, mas a ideia é serem aplicados fora da relação e, se for ocorrer a relação, a lubrificação já estará presente), tendo a propriedade de hidratar e não simplesmente lubrificar e com duração de ação mais longa, possibilitando aplicação a cada 3 dias.

Ultimamente também se tem utilizados outros 2 recursos, o laser e a radiofrequência. Ambos já com demonstração de eficácia, porém, o laser com maior número de estudos publicados. Entretanto, para ambos, faltam estudos de efeitos e segurança de longo prazo.

 

• Esse tipo de ressecamento chega a ser prejudicial a saúde ou só um desconforto para a mulher?

Sem dúvida o fato mais importante é o desconforto, e não apenas na relação sexual. Mulheres com ressecamento vaginal podem ter piora de sua qualidade de vida em geral, e não apenas sexual.

Muitas vezes, o ressecamento pode se associar a maior risco de infecções genitais, mas isso é mais decorrente de que ambas tem a mesma causa.

 

• Existem modos caseiros para amenizar o desconforto?

Isso não é recomendado. O ambiente vaginal contém bactérias protetoras e o uso de substâncias caseiras não estudadas poderia desequilibrar este ambiente e favorecer o aparecimento ou proliferação de microorganismos causadores de doença. Hoje há várias formas de tratamento aprovadas e essas devem ser preferidas.

 

• Como podemos diferenciar ressecamento vaginal de uma infecção?

Depende muito do tipo de infecção. A infecção vaginal, na maior parte das vezes se acompanha de corrimento, ou seja, de aumento de secreção e o aspecto desse corrimento varia conforme o agente causador. Além disso, e a depender do agente causador, pode haver prurido (coceira), ardor, vermelhidão e odores mais fortes. O ressecamento vaginal pode ter prurido também, mas geralmente não há corrimento e não costuma ter vermelhidão local e odores fortes. Mas, o ideal, é consultar o médico para esclarecer melhor.

 

 

Fonte: Abbott
Médico especialista 
Dr. Luciano Pompei

Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com Residência Médica em Obstetrícia e Ginecologia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP e doutorado em Medicina (Obstetrícia e Ginecologia) pela USP. Professor Livre-Docente pelo Departamento de Obstetrícia e Ginecologia (Disciplina de Ginecologia) da FMUSP. É Professor Auxiliar da Disciplina de Ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC.  É o atual Presidente da Associação Brasileira de Climatério (Sobrac). Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Ginecologia, atuando principalmente nos seguintes temas: climatério, menopausa, terapêutica de reposição hormonal, hormônios sexuais, controle da reprodução, anticoncepção, reprodução humana, osteoporose e interação dos hormônios sexuais com sistemas orgânicos e doenças de outros sistemas.